terça-feira, 30 de julho de 2013

Circo Mágico continua temporada em Atibaia

“Enquanto existir criança, vai existir o circo. Não tem como acabar”. A frase é de Antonio Bartolo, neto do criador de um dos mais tradicionais circos do país – o Gran Bartolo Circus. Ele conta que seu avô, Felipe Bartolo, desde criança um profissional do circo, chegou ao Brasil em 1905 com a família e um grupo de imigrantes italianos. Em 1914, com os irmãos, criou seu próprio empreendimento – o Circo Irmãos Bartolo – percorrendo todo o país. Nele cresceram seus filhos, que aprenderam a mesma arte-profissão.

Banzé e Fofoca (Antonio Bartolo e o filho Artur): palhaços fazem a plateia rir sem parar
Um de seus filhos, José Ruy Bartolo, aos 15 anos de idade, decidiu acompanhar o Circo Nerino e, mais tarde, adquiriu o circo alemão Berlim. “Em 1932, na época da revolução, meu pai resolveu comprar um circo e assim nasceu o Gran Bartolo Circus”, conta Antonio Bartolo. O Gran Bartolo Circo tinha dezenas de integrantes, domadores de leões e elefantes. Tornou-se um dos mais celebrados em todo o Brasil. Em 1981, o Circo Bartolo serviu de palco para o cineasta J. B. Tanko rodar o filme “Saltimbancos Trapalhões”, com Renato Aragão, Dedé Santana, Mussum e Zacarias, além da participação especial de Chico Buarque de Holanda.

O Circo Mágico Nacional
Toninho, como é mais conhecido, é da 3ª geração de circo. Nasceu em Pederneiras, interior de São Paulo, mas é, literalmente, um cidadão brasileiro. Em 71 anos de circo, conheceu praticamente todo o país. Em Uberaba, permaneceu três anos participando do Circo Escola, projeto que resultou no nascimento do Circo Mágico Nacional – cultura e valores que a quarta geração de uma família circense leva aos quatro cantos do país, mantendo a tradição de mais de um século de arte e entretenimento.

Lamara e Toninho - juntos somam 132 anos de tradição
Lamara
Nessas andanças, Toninho conheceu a mulher da sua vida – Lamara Bartolo. Nascida em Araras, veio de uma família circense tradicional – todos do famoso Circo Portugal. “Há 50 anos, meu pai foi sócio do pai do Toninho na criação do Circo Luso-Brasileiro. Minha irmã mais velha casou-se com o irmão mais velho do Toninho”. Ela aos 17 anos, ele aos 27, casaram-se. Com a criação do novo circo, já se apresentaram nos quatro cantos do país. “Fizemos muitas viagens, muitas mudanças, nem dá pra contar. Pra nós é natural desmontar o circo, montar e carregar de novo. Tudo isso é muito bom, a gente se sente bem assim”, conta Lamara, cujo nome tem origem espanhola – recebeu o nome de uma personagem de peça teatral encenada no antigo circo-teatro. Ela, que já participou muito do espetáculo, atua hoje nos bastidores do circo e tem um papel central na administração do empreendimento.

Mudanças
Questiono como é se adaptar a mudanças tão profundas com crianças e se apresentando para públicos tão diferentes. O casal responde que encontraram muita hospitalidade e carinho pelo Nordeste. Lamara recorda os bons momentos que tiveram por lá. “Em qualquer lugar onde o circo chega ainda é festa, por incrível que pareça”, diz Lamara. Segundo ela, o Norte e o Nordeste foram os lugares mais bonitos por onde passaram, destacando Salvador, Recife e Natal. Já em Maceió o circo era armado na praia, atraindo moradores e turistas que vinham de todo o país. O casal revela que a passagem pelo Nordeste foi muito prazerosa e que contavam com muito acolhimento. “A maioria dos nossos filhos nasceu no Nordeste. Uma filha é paraibana, outra nasceu na Bahia, outra em Pernambuco e Artur é carioca”.  Um em cada estado, afirma Toninho, orgulhoso. “O melhor de tudo são as amizades que a gente deixa”, diz ele.  “Você acredita que a gente chega com o circo, num calor medonho, os vizinhos aparecem com jarra de suco, dizendo vão em casa tomar um banho? É desse jeito”, conta Lamara.

Artur Bartolo observa as irmãs Ana e Vera brilharem com as cordas
Responsabilidade social
Lamara diz que em cada cidade aonde a família chega, Toninho procura a primeira-dama e oferece espetáculos para a população mais carente. Na época do frio, somam esforços fazendo campanhas do agasalho em troca do ingresso. Segundo ela muita gente procura o circo para vivências e aperfeiçoamento, chegando a viajar juntos e acompanhar os espetáculos. O sucesso e o profissionalismo trouxeram ao Circo Mágico Nacional o reconhecimento esperado.  Em 2012 o circo foi contemplado com o Prêmio Funarte Petrobras Carequinha de Estímulo ao Circo, com a 5ª melhor nota entre 37 circos paulistas relacionados.
Durante a entrevista, uma surpresa: Artur Felipe acorda chorando e vai correndo para os braços da mãe. Lamara nos revela: o menino foi chamar a mãe pra assistir ao espetáculo com ele. “Se eu não colocar meu neto pra trabalhar comigo, na matinê, ele chora”, diz Toninho.

Peter Maristani e o equilíbrio no monociclo
Futuro
Sobre o futuro do circo, Toninho conta que sempre teve essa coisa de “o circo vai acabar”, mas o circo é eterno, não acabará nunca. “Cada dia que passa, surge um circo novo. Enquanto existir criança vai existir o circo, não tem como acabar”. Toninho conta, com entusiasmo, que “o circo é alegria, lugar onde as famílias se reúnem. Vem o neto, o avô, o pai... Aqui, tudo é diferente”.  Segundo ele no circo não há tempo para o stress, é sempre tudo novo. “O circo está no sangue”, diz Toninho. O intervalo termina e nosso entrevistado corre para o picadeiro. As crianças o aguardam para mais uma atração. E a alegria do circo vai recomeçar...

As delícias que só o circo pode oferecer às crianças
Horários

Os espetáculos são de terça a sexta às 20h30, sábados às 18h e 20h30 e aos domingos às 16h, 18h e 20h30.

por: Osni Dias com fotos de Laura Aidar

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